É o artista português com maior número de álbuns produzidos (68 álbuns ilustrados, 39 dos quais em histórias aos quadradinhos até meados de 2001), com muitas realizações igualmente no campo da banda desenhada publicitária.
José Ruy Matias Pinto nasceu a 9 de Maio de 1930, na Amadora, tendo sido aluno de Rodrigues Alves na Escola António Arroio, onde tirou o curso de Desenhador Litógrafo. Estreou-se em pequenos fanzines que editou em 1938, e depois, aos nove anos, com um desenho no suplemento de leitores A Abelha, da Colecção de Aventuras.
Começou a publicar histórias aos quadradinhos com apenas catorze anos, em O Papagaio, no Natal de 1944, com uma sequência narrativa ilustrada alusiva ao Presépio. Nessa revista, logo desde o começo de 1945, publicou muitas capas, ilustrações de novelas e histórias aos quadradinhos: 'Uma Caçada na Selva', 'Piratas do Ar', 'Na África Setentrional', 'Uma Aventura nas Pampas', 'Dickbrad', etc. Trabalhou depois como gráfico para O Mosquito, ocupando-se ainda de legendações e distribuição de cor. Só em 1952, no entanto, teria direito a uma HQ publicada na revista para onde deu tanto do seu trabalho, 'O Reino Proibido'.
Colaborou graficamente em O Gafanhoto e no Camarada. Fez diversas HQ para o Cavaleiro Andante nos anos 1950, com 'O Bobo', 'Ubirajara', 'A Mensagem', 'Gutenberg', 'Fernão Mendes Pinto', etc. Com Ezequiel Carradinha, na altura jornalista desportivo no Diário Popular, foi director da 2ª série de O Mosquito, também publicando aí algumas histórias suas, editando ainda nessa altura o seu próprio mini-álbum Infante Dom Henrique (1960).
Publicou HQ em Camarada (2ª série), Pisca-Pisca, Mundo de Aventuras (2ª série, também chamada 5ª série), BDN (suplemento do Diário de Notícias), deixando traços da sua passagem em quase todas as revistas infantis contemporâneas.
Participou no primeiro dos álbuns colectivos Grandes Portugueses (1962), editado pelo Camarada. Em 1972, o jornal A Capital (2ª série) deu à estampa 'As Aventuras de 4 Lusitanos e Uma Porca', com argumento de Paulo Madeira Rodrigues. Encontra-se a sua colaboração em Jornal da BD, Tintin, Spirou (2ª série), Selecções BD, etc.
Durante três anos ilustrou um ABC Criminal acompanhando textos de Artur Varatojo, em O Século Ilustrado e na revista Crime (de que foi também paginador), série mais tarde publicada em álbum.
Executou A História da Cruz Vermelha (folheto com edição internacional em várias línguas para distribuição em 150 países, a partir de 1985). As Edições Asa publicaram vários álbuns seus — nomeadamente a série das Aventuras de Porto Bomvento —, como o fizeram a Editorial Futura, a Editorial Caminho, a Meribérica e, mais recentemente, a Âncora, em reedições ou com histórias novas.
[...] Na Editorial Notícias, publicou adaptações de Os Lusíadas, sob a forma de três álbuns utilizando o texto original, de Autos de Gil Vicente, de contos de Rudyard Kipling, etc.
Foi um dos participantes na BD colectiva 'Maria Jornalista', com duas pranchas por autor, no Notícias Magazine do Diário de Notícias e Jornal de Notícias de 9 de Janeiro a 13 de Março de 1994.
Realizou em álbum as histórias de diversas municipalidades ou instituições, com os seus respectivos apoios, por vezes com edições simultâneas em línguas estrangeiras: História de Macau (1989), Levem-me Nesse Sonho (1992), com a História da Amadora que teve nova versão actualizada na Âncora Editora (1999), O Juiz de Soajo, A Casa e o Infante (1996), Sintra: O Encantado Monte da Lua (1997), Nascida das Águas (1999), Almeida Garrett e a Cidade Invicta (1999), etc. Em Nicolau Coelho: Um Capitão dos Descobrimentos (1997), contava com a inesperada presença dos potenciais críticos Ramalhão e Lameiroso, o que bastaria para constituir um clássico...
Colaborou na 2ª série de Selecções BD, em 1999, e para essa editoara realizou em 2000 a sua visão da Operação Óscar: Outra Maneira de Contar o 25 de Abril. Ilustrou várias dezenas de livros e também colaborou nas publicações Mundo Feminino (1947), Almanaque Alentejano, Almanaque do Algarve (1948), Humanidade, Selecções de Mecânica Popular, Mama Sume (estas duas também com histórias aos quadradinhos), Diário de Notícias, etc. Tem ainda mantido uma intensa actividade de divulgação da banda desenhada, com artigos sobre o tema (nomeadamente no suplemento Recordar O Mosquito, da revista Carácter - Artes Gráficas), muitas conferências e outros encontros sobretudo junto de escolas, bibliotecas e museus em todo o país.
[...] As HQ que elaborou ao longo de décadas obtiveram agrado e simpatia. Foi objecto da monografia José Ruy: Riscos do Natural, editada na colecção NonArte do CNBDI, em Outubro de 2001.
Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal
por Leonardo De Sá e António Dias de Deus
© 2001
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